Pimentão e Uva: melhor deixar de fora do prato
A cada ano que passa o Relatório Anual da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aponta para resultados semelhantes: de 3.130 amostras coletadas de hortaliças e frutas em 2010, 29% apresentaram algum tipo de irregularidade. Os dados são do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), realizado em 16 estados da Federação. De 20 culturas analisadas em 15 foram identificados agrotóxicos ativos e prejudiciais à saúde humana, em diferentes níveis.
Para o consumidor o importante é ter atenção com os produtos que apresentaram o maior nível de contaminação por agrotóxico no último ano: pimentão (80% das amostras insatisfatórias), uva (56,4%), pepino (54,8%), morango (50,8%), couve (44,2%); abacaxi (44,1%) e alface (38,4%).
Chama a atenção a grande quantidade de amostras contaminadas com endossulfan e metamidofós, princípios ativos já banidos em vários países do mundo e comprovadamente prejudiciais à saúde.
Reduza os resíduos de agrotóxicos
• Prefira comprar frutas e verduras da estação e da sua região. Fora da época adequada é quase certo que uma fruta, verdura ou legume tenha recebido cargas maiores de agrotóxicos;
• Comprando em feiras livres direto do produtor a possibilidade de conseguir um produto mais fresco e saudável é maior. Por isso, prefira comprar hortaliças direto do produtor, em vez de supermercados;
• No caso de hortaliças folhosas como a alface, prefira as variedades de folhas mais escuras e avermelhadas (alface roxa, por exemplo) que são mais resistentes a pragas e doenças e, por isso, levam menos agrotóxicos;
• Diversifique, consumindo outras folhosas como almeirão/radiche, rúcula, e agrião, por exemplo;
• Retire as folhas externas das hortaliças que, em geral, concentram mais agrotóxicos de contato;
• Saiba que lavar frutas e verduras em água corrente e higienizar com vinagre, ajuda mais na eliminação de microorganismos do que na redução de agrotóxicos. Muitos agrotóxicos são sistêmicos, ou seja, quando aplicados nas plantas circulam através da seiva por todos os tecidos. Assim, descascar e lavar frutas pode retirar apenas algum agrotóxico que fica em contato com a casca, mas não garante a eliminação dos resíduos de agrotóxicos.
• A opção por produtos orgânicos pode ser uma boa opção, visto que os agricultores que optam por esse sistema seguem normas rigorosas para evitar contaminação por resíduos e são fiscalizados, de acordo com a Lei 10.831/03 em vigor.
Saúde e cuidados
O diagnóstico de contaminação por agrotóxico no sangue de consumidores ainda é pouco usual no Brasil. Dificilmente um médico irá relacionar de imediato os sintomas do paciente com o agrotóxico, pois não existem sintomas característicos de intoxicação por agrotóxico. Além disso, pacientes com acúmulo de agrotóxicos acabam tendo seus tratamentos prejudicados pela ineficiência dos medicamentos utilizados. Por isso, a investigação de resíduos de agrotóxicos no sangue e a desintoxicação precisam ser melhor estudados pelos profissionais de saúde. De outro lado, os profissionais que atuam no campo agrícola devem ser cautelosos e éticos na recomendação de tais produtos, além de buscar alternativas menos danosas ao meio ambiente, produtores e consumidores.
Fonte:
Por : Moacir Darolt
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